domingo, 18 de junho de 2017

Nóstos Algos

A casa está silenciosa, como nunca esteve e por mais que eu mexa nos pratos, jogue os talheres no chão
bata as portas, nenhum som emerge. Consigo ouvir as batidas do meu coração, ouvir meu coração me assusta
Minha visão está fraca, como velhas fitas VHS, que com o passar do tempo desbotam as cores e então tudo parece ser nostálgico.
Aquela velha casa, o cachorro, as visitas que constantemente sorriem para a câmera, as velhas arvores ainda verdes.

E como o mundo vai lentamente mudando, as crianças vão crescendo e tomando suas próprias decisões
mas o futuro tem sempre seu jeito de dizer que estamos suspensos na incerteza e que nada durará para sempre
no entanto, ouvir meu coração bater me assusta, essa casa agora está solitária, com apenas uma criança vivendo nela,
uma criança que está ouvindo o próprio coração bater.

Aquela velha sensação que deixamos algo cair no caminho, como um brinquedo perdido na rodoviária, e toda vez que fomos presos pelos nossos pensamentos na estrada, quando eu chegava e tu partia. Se pudesse ao menos voltar pr'aqueles dias, não os mudaria, porém viveria de forma mais intensa, ou rebobinaria as fitas VHS mais uma vez, e nunca deixar essas imagens se apagarem da minha mente.

Agora estamos cortando a linha que nos liga, deixando para trás o peso que está morrendo, mesmo que lentamente, mesmo que ele pudesse aguentar mais um trecho desse caminho, mas por que eu continuo tendo a impressão que eu estive pegando caminhos certos seguindo a tua mão?
Mesmo que agora o cenário não faça mais sentido, mesmo que eu tenha perdido você nessa estrada, mesmo que eu esteja perdido.

Matheus Longaray

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