desaparecendo

todos espíritos estão assumindo formas de quadros
nas minhas memórias
nas minhas lembranças e sonhos que nunca quis ter
em azul pálido
vultos em todo lugar
muitas pessoas na minha vergonha
estou perdido
as cortinas me escondem do assopro gelado
os espíritos tentam se comunicar comigo
enquanto eu agonio dentro da minha mente
eu quero sair daqui
tudo está tão confuso
como da vez que tudo se perdeu
isso não está acontecendo

estou perdido dentro dessa fotografia
eu me sinto guardado numa caixa de sapato
estou no asilo da minha alma
enterrado no cemitério
morto e esquecido
morto e faminto
ainda me lembro que na ultima vez
que tudo voltou para mim
eu estava me afogando no mar
sem chance de sobreviver
gritando para ser visto
desaparecendo completamente


Matheus Longaray

Corsário

os pesos estão nos afundando
mais uma vez
qualquer abraço teu é desnecessário
tudo isso é pra me fazer ficar?
para que tudo possa se tornar real
mas não está predestinado a ser
isso faz parte do teu fetiche?
cada pergunta que eu faço
eu sei a tua resposta
eu não quero ter essa sensação
qualquer assopro é ventania
a ventania levou meu barco para longe
para águas calmas
estou perdido por enquanto
mas logo eu encontro algum farol
meu medo é temporário
eu costumava a revidar
mas agora, tudo bem
eu não quero disfarçar
eu não quero me desgastar
minhas mangas estão encharcadas
hoje eu vou acordar só
eu não
vou ser
mais um
dos teus
fantasmas


Matheus Longaray