segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Sinfonia do anoitecer
Mais uma noite a mercê dos corvos
a noite mais escura reservada para a minha solidão
por mais que o corvo diga "nunca mais"
a escuridão toma minha porta
então ela destranca e se abre como se fosse me engolir.
Todo resto de luz, o vestigio da esperança
se apaga com o vazio do meu ser
e cada hora mais sufocado, o fogo não se acende sem oxigênio
não importa quanto aqui quente esteja
o frio de fora me consome entrando pelas arterias de meu coração.
Nessa triste falta que há de me seguir
as mãos frígidas e tremulas continuam
incessantes a me puxar pro fundo desse poço
cada toque é um arrepio na espinha
e um desejo a mais de não sobreviver ao dia de amanhã
porque as vezes não tenho como encarar aquilo que não sei
o que não sinto, o que não vejo.
Por mais completa que essa possessão esteja
por mais morto que meu peito esteja
te desejo uma boa noite ao encostar
tua nuca no teu travesseiro
pois a noite que me tiraste nunca mais há de voltar.
Matheus Longaray
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