domingo, 4 de agosto de 2013

Algum lugar entre meus sonhos



Mais uma noticia na radio que a enchente dos teus olhos
alagou toda a tua casa e não sobrou nada, foi tudo embora
as tuas cortinas da sala estavam azuis
e a tinta vermelha do teu coração escoou rapidamente
foi um longo caminho até deixar tudo em paz.

O fogo da tua lareira ficou gelado
o teu corpo esfriou ao lado do meu
enquanto olhávamos para o céu estrelado
deitados naquele carpete macio que tu gostava de gabar
e tu esqueceste de morrer e continuou a viver tristemente
o quarto estava limpo, curiosamente nunca esteve
esperou morrer para dar rumo na vida?

Tem sido difícil ouvir os choros do teu corpo terreno
as fotografias estão guardadas em cima do guarda-roupas
as vezes dou uma polida, você sabe, a rinite que tu tinhas
continua no teu cadáver...

Cavei uma cova no quintal do teu patio, mas acho que é para mim
por isso ainda não escrevi o teu ou meu nome nele
mas se eu morrer, quem irá lembrar de ti do mesmo jeito que eu lembrava?
quem te escreveria musicas?

O teu corpo ainda se lamenta de pecados passados
dizendo que os pensamentos ainda doem
ele anda muito triste, colhendo as flores do jardim
ainda cuida do teu pequeno jardim, mas as mãos geladas
impossibilitam uma maior sensibilidade ao lidar com flores

por fim, vou indo, tenho muito trabalho na tua casa
mas saiba que continuas se vestindo tão bem quanto tu se vestia viva
Espero te ver em breve, um beijo.


Matheus Longaray

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